segunda-feira, 2 de novembro de 2009

RIO PARDO (Inacabada)


Deixei-me há muito em cacos de conchas
Por um troco de cansaço
E do que sobrou foi retalho marinho.
Confeccionei lisas miçangas
No caminho irisadas conchas
Sob areias marejadas.

Onde há sal que se leve em águas
Ornadas de árvores descidas ao rio,
Salvas mornas moradas de bichos entrincheirados.
Larga-me de uma só vez a trança da esperança.

De mangues matos maciços
Coroados em mantas marés,
Nasceram pássaros beliscando-se na foz
Do antigo rio Pardo em parimento vital.
E uma gente parda nascida do sal se alevantou.
Muita raiz, areia e pedra ao derredor da úmida folia.

Nasceu também a ventania de abotoamentos comerciais.
Foi o cacau quem arquitetou
A entrada daquele edifício trágico.
E da Bahia Sul, tão JorgeAmada
Sobrou o medo e a desforra dos materiais extensos.
Tantas gentes em vencimentos de seus girassóis
Demandando a existência difusa do passado,
Atolado em sempre mais passado.
Passado, para quem o fardo nunca é demais.
Entre nexos e crassos emaranhados
De mortes, dores e cânticos petrificados.

Caranguejos cancerianos em-cordoação saem,
Enquanto minerais em marés a se depositar
Na infância vagarosa e quente ,
Desmontam quaisquer necessidades imperiosas.
Coisas anteriores ao fulcro denominado morte,
Coisas anteriores ao fulcro denominado amor.

2 comentários:

  1. Saudosa Canavieiras, antes do amor e da morte.

    ResponderExcluir
  2. Foi lá que passei quase todas minhas férias de infância
    E pelo jeito vc conhece a charmosa cidadezinha... Quanto a condusão do e_mail, pense que aqui há muito mais intimidades que nele, em que não há nenhuma praticamente. Abraço meu velho!

    ResponderExcluir