domingo, 21 de março de 2021

Lascívia

 

Que todas gentes lisas e fogosas nos atem,

E que as delicadamente avexosas não nos queiram mal.

Não nego:  nas boas horas mortas... Indecorosas...

À tanta delicia-amizade que me sorri, 

Amoldo-me sincopado neste bem abrir-te o grelo, 

Teso... Quando em mim se enrosca

Intumescendo à procura de zelo. 


Primeiro em fantasia, devorei teu corpo impaciente 

Com olhos de quem rouba pela luz a tensão

Que precede o tátil tesão realizado.

Quase saindo pelos poros desse meu corpo-gesto, 

Agitei-me defronte, consumido por tua imagem,

Belo balouço deste quadril que me rebola.


Pelos olhos, cheios da fome infantil que principia na retina,

Imagino tocar tua cintura...

Resvalo lenta e descaradamente entre coxas e aveludados seios, 

Massageando por voltas voluptuosas tua gostosa bunda.

Mordisquei delicado teus mamilos;

Beijei-te... feéricamente,

E você, sempre mais manhosa ofereceu-me teu pescoço arrepiado, 

Enquanto vestia o meu pau com tuas mãos de fada.


Essa nossa ginástica de sobes e desces, 

De vens e voltas, 

É sinfonia breve de taras, que emagrece...  

Queria te dar tanto ou mais... Que me desses...

Creio ter antecipado o te despir mais de mil vezes, 

E por dez mil mais nos amaremos em todos comodos das casas,

De jeitos além dos  ordinários sentidos...


É como se meus olhos fossem microscópicas safadezas 

Multiplicadas pelo espetáculo desse teu jardim de delícias;

E minhas mãos, duas bocas feitas para o teu prazer.


Já a língua, é utensílio  perfeito para alegrar 

Nossas tardes de ócio improdutivo.

Ai que rego rêgos, saudando tuas entradinhas de risos de axilas.

Minha língua é busca, esperançosa que te cultive,

Até ouvir de volta a valsa-dança do teu gemido. 

(LÍNGUA!) Não é órgão que force entradas, ou simplesmente se serve;

Não fosse perigosa, estaria fora da boca.

(E sempre a prefiro para o prazer do que para a difamação)

Carne disposta a ser acasalada em outra carne-casa despida, 

Que me convida a que te abra sem pressa,

Molhadamente, o invólucro desse corpo desejo.


Nos esfreguemos leves em carícias sobre genitálias curvas,

Geografia sinuosa em que tudo é melosamente pleno, 

Sedoso, com você tudo é farto...

Teu corpo é tempestade que reivindica o toque,

Que modifica nervura e temperatura ambientes.

(Igualmente dengosa e bruta, assim te quero)


Entre enriçados jardins é que zelosos liberamos as flores, 

Odores e fluidos sonorosos à toda língua que lambe e arde.

(Por cima ou por baixo, de frente, lado ou de costas: pouco importa)


Vestidos e comportados, 

Em meio a outros, nossos corpos se contiveram 

Em respeito aos preceitos da boa sociedade.

Mas quando te via, assim pensava: ai, delicioso fogo-jardim entre tuas pernas,

Que logo meu lábio carnoso se junte às mais carnosas poupas!

Que se misture à lubrificação de tua buceta, a saliva de minha boca!


Se é luar, mais os bichos ofegam precipitando em cio perpétuo.

Mas talvez tudo tenha um quê de sagrado.

Pois que todo um ritual nos faz e renova,

Porque morremos e nascemos em completo ciclo.

Depois de consumado outro ato de quatro, 

Nos pomos a imaginar nosso próximo regalo...

(Por pouco nos rasgamos.)


Mas se é ritual, que o gozo seja efeito do desregramento

Diante de tantos podres pudores que nos curvam.

Que seja ritual de tremor! Que tome a carne em espasmos,

Movimentos de mãos que não dão tempo ao corpo sequer chegar à cama...

Tantas vezes enlaçamos já no chão de chamas, cozinhas, corredores e escadas.


Suor, cócegas, hálito; e o vigor-deleite reconquistado 

Após as guerras do cotidiano;

Repouso manso de doçura e sacanagem. 

Entre tuas pernas encanto encontro,

Enquanto elas se desmancham salgadas em gemidos quentes.

Sufocamos de corpos lençóis embaraçados; peitos em chiste...

Sombra, cama, pressão!

Displicentemente... Foder até que o talo adormente!

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