quarta-feira, 1 de junho de 2022

Previsão do tempo:


Sol com aumento de nuvens pela manhã.

Pancadas de chuva à tarde. Tempestade com nuvens pesadas esta noite.

Passarinhos e cigarras, esses exímios meteorologistas se agitam: cantam, dançam e comem, ao longo do dia, selvagens lanchinhos.

(Parece, algum Deus Pã anda ainda: corre, brinca e colhe frutinhas por entre bosques desencantados)

À moça do tempo disse adeus. Somos os mais tristes dos bichos.

Eu só. Tu solas. Não chora: a criança, deusa ou a Rosa. 

Chora a mulher. Chora o homem. Choro eu. 

"Choram-os-nós"!

Pois entre "nós" tem carinho. Amor contrafluxo em torrente.

Logo o tempo vira - fácil virá fininho. 

Corpo fechado abre caminho. 

Sei que tem algo pra caber em tua gentileza, grandeza; mesa de mulher danada. 

Sem granizo ou geada; sem trombas d'águas geladas que te roubem paz e suspiro. 

"Tempo seu, oh tempo seu", você merece mais que o adeus. 

Mas hoje o tempo fechou! Nenhuma medida com "Eu e Tu" se registrará no barômetro. 

Bem quis aclimatar-me na música dos teus abraços... Doces olhos, lindos cachinhos, moleca manhosa.

Foi por um triz, mas não deu, doeu. Mal fiz.

E se agora temperatura e pressão sobem,

Dentro em breve a vertigem será censurada. 

Após a renúncia, vsi-se a esperança e, só depois, quieta a memória. 

Mas antes mesmo que o ar volte à rarefeito, diremos: "Perfeito! O amor perdeu". E só depois, já ingratos: "Houve amor?"

Ai que foi tanta água por debaixo dessa ponte, nossa!

Rio-mar me conta! 

Umidade do ar lá na ponta, solo e cio que há. Frutas amareladas em Cachoeiras. 

Tudo que flui, lava. Fui às favas! Água e fogo é vapor. Evapora. 

Só você, Eva, porá de volta o amor. Porque você é maramar sem tempo ruim. Doce beijinho. Calor de Orixá.

O tempo do tempo mais liso do agora - tão linda. Já finda inda flora. 

E eu que já vi de um tanto nessa vida... Nem sei...

Foi luxo ter visto tua manhã, tarde e noite nuas. Melosa melodia sussurrada em ouvido frente ao espelho. 

Dourado, peixinho, gulosa - agora é glosa.

Hoje não choverei nenhuma calma, só raios tecendo mágoas.

Quero que me lave um pouco de vinho.

Queria ser leve que nem cirrus,

Mas sou nuvem mais plumbosa.

Logo haverá brisa, você nunca foi medrosa. Te seguem a beleza e o riso, a deusa, letra; a  arte, criança e a Rosa.


Depois de chegada a fronteira do banimento,

O resto é "futa" no chão, negra cigarra, meu passarinho.



5 comentários:

  1. Que saudade de você... suas palavras ecoam em minha alma, agora mais ainda que você se foi meu Deus Pã!

    ❤️

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Como assim? O que aconteceu com o Moacir?

      Excluir
  2. Saudades amigo. Saudades.

    ResponderExcluir