Não é só na arte.
Na vida também há momentos de criação.
Tempos que nos pedem
Compromisso e desprendimento.
Sem manuais, réguas e regras,
Nos entregamos à agitação por detrás da querela.
Será que há contas com muitas esperas e comedimentos? Seremos o bastante?
De qual matéria única da tabela periódica fomos feitos?
Em momentos assim, seria bom se despedir dos velhos imãs de geladeira, álbuns de fotografia, marcadores de texto e números em desuso na agenda.
Deixar para trás esse peso morto que nos rouba a poesia...
Valeria dispensar a inocência, rir do que não se entende.
Formiga de asa na chuva relampeada:
Ai revoada! Ai revoada!
Há momentos de sermos coisa bruta: desejo e invenção.
O há de vir que nos assusta.
O golpe seco dos mundos.
A curva da multidão.
Nunca haverá ponto zero da criação,
Mas quando se vem assim, é paixão à galope
Num salto para o absurdo;
Poder primário dos sonhos. Pulo rasgando o cascalho de tudo.
Naquilo que não existia antes do termos pulado, há delícia do impredicado.
Tempo raro que não repete reparo.
Sou Deus depois do ocaso, e retiro do caos indiferenciado, do vazio, todo um mundo e ocasião.
Tempo enfim de chorar e sorrir. De, quem sabe, fazer chorar e sorrir.
Tempo de rasgar a veste da certeza sobre a mesa do ainda não.
Muito bom!!❤️
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