sexta-feira, 9 de outubro de 2009

HOJE ACORDEI PEQUENO

Hoje acordei pequeno
Até conversar com besouros.
Acreditando-me herdeiro
Do menor dos existentes, de repente
Caber tornou-se palavra tola.
Os pigmeus da selva com suas flechas,
Os silfos e os sons das flautas
Não assombrarão meu etnocentrismo.
Hoje meu primitivismo acentuou-se no corpo,
Obrigando-me pequenamente
A um civilismo endêmico que esquece resistências... A sorte me confere...
Ademais, quem a essa hora será menor que eu?
Os menores homens do mundo
Também têm seus paradoxos:
Querem-me próximo e distante de suas pugnas e pequenices,
E sabem saltar - feito pulgas!?
Comprei um fusca e pipocas,
E me redecorei de ternos relicários.
Se os vãos da casa agigantam-se e me excedem,
Sorrio vitorioso:
As quinas assassinas dos móveis
Já não maceram meus joelhos.
(Poderia talvez regatear taxas módicas em serviços ao meu caso?)
(Entrarei para o livro dos recordes?)
Mas eis que me aflijo:
As obras públicas, os objetos da indústria,
Máquinas e vestimentas,
As comodidades e alimentos enfim, 
Hoje não contemplarão minhas pequenas necessidades.

Fui a uma loja de artigos infantis e,
Desde que acordei tem sido esse estar na ponta dos pés
Para crescer sem fazer barulhos.

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