domingo, 21 de novembro de 2021

Semelhanças e indiferenças


Já não sou rancor nem arrependimentos.

Culpa, muito menos.

Bem sei que há sóis e luas;

Mas ainda sofro de peçonhas emocionais.

(Não dizem que é pra isso que servem os ungüentos?)


Chorei, Ah chorei!

Por silêncios e desamor. Houveram vícios.

Traição e desconsideração foram o "de menos".

Baleado em batalha, jogaram-me no ostracismo embrulhado em mortalha.

"Peguei" até Coração Partido...  Esse tolo a ser redistribuído a quem o quiser e tiver merecido.


Mas estou vivo! 

E o que morreu? A ilusão morreu.

Coisa que não vale uma "nota de três reais".


Não há penar para poesias melosas, 

O tempo é curto para sofrências.

Se nada espero? 

Ninguém me entrava.

(Quase não quero... De quem só precisa de mim)


Quero o "amor inútil" que se perdeu;

O desobrigado que não vira as costas.

Que se entrega quando não lucrativo, que não se dispensa porque doeu.


Um dia plantei rosas e jasmins. 

Há  quem ponha nas janelas, espinhos, espadas e serafins,

Quem faça do quarto um oratório, cenário-camarin.


Ai que a dor do afeto perdido não compensa se exagerada.

O preço do estrago? Tudo ficou mais caro e vazias as prateleiras sentimentais.

Por certo que as emoções saíram manchadas,

E, sabe de mais: Fiz o meu melhor!

Foda-se! 

(Ainda compensa o amor)


Mas se vc me magoou fundo, talvez eu te esqueça num canto de mundo...

Com a mesma indiferença das coisas que simplesmente são.

Vc fez seu jogo, eu fiz o meu.


A rosa brota, o inseto voa, a chuva cai porque tem de cair, 

Vem outro verme ou rebento, do jeito que cai, sabe sair.

Nada interessa em nossas querências.

Só há dança!

É inútil a crença e, diante da dança, tantos tão sem graça não sabem dançar nem sorrir...


Mais uma noite,

 Incerta!

O ritmo raro vai e vem à cavalo,

Não dá trapaça.

Impedir sequer do coice o estalo.

Vento, correria, correnteza e morte

Acontecem.

Não é questão de inveja, maldade, esforço ou sorte.

Ainda assim há amor. E meu amor não vale ou acontece pra qualquer pessoa.


Seria bom viver com esperança, talvez, na força-fluxo do tempo de andança,

Longe de tanta palidez, tanta injúria e desfaçatez.

Mas todo o belo perecerá ou será desprezado;

E há dias em que nem mais ligo.


Perdoo porque esqueço e, se esqueço, os sentimentos já não importam.

E esse ódio cansado, por demais pesado não consentiu... desistiu de odiar...

Orgulho que simplesmente desistiu...

Quando assim, já não há mais ódio ou desprezo, mas indiferença


(Soberbas aparências não valem uma nota de três reais)


Bilhões nascendo e morrendo... Quem ainda é tolo pra querer ser importante?

Envergonho-me duas vezes. Primeiro, por ter amado o que era pouco. Depois por matar, só por preguiça, no outro o que já não ouço...  

Mas tem quem me dê sono só de escutar na voz ruína.

Cansa desafiar a sorte com os sem imaginação.

E como não revirar os olhos para o lado contrário de quem já foi amado, mas não é mais não? 


De minha boca sai a alma impura dos anjos que não sabem mentir, que não a mentira da criação. 

Serei eu o derrotado.

Abro asas para sair sem olhar pra trás. Danem-se os presos na terra, os que odeiam demais!

Só depois de saldadas as dívidas é que encontro a paz.


Entre a incoerência de querer mudar o que foi, e a incerteza da navalha fria do que virá,

Só no presente é que me faço.

No mais, doce ilusão que se vai...

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