Teus olhos são meus livros.
Que livro há aí melhor,
Em que melhor se leia
A página do amor?
Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?
Machado de Assis
Meu vasto amor, chiste derrotado,
Em que pecou de não ter pecado?
Queria entrar na doce esperança,
Fio com a lividez duma lança
A ferir onde já machucado?
Meu porto-amor, sono de não sorrir,
Fosse uma flor pálida e mimosa,
Belicosa de espinhos: A rosa!
Egressa memória que desperta aqui,
Dela vêm versos velhos do meu partir.
Deixo perdões fininhos pra pecadinhos curar;
Virgi Maria, na tarde roxa a rosa há de voltar.
Recordo-me dum nenúfar da lagoa que nunca vi,
(O li pelo meio e já tarde... A orelha ardia em carne)
O li como o visse de longe numa nave a fulgir.
Não sei o que seja um nenúfar da lagoa. Mas o imagino como se o soubesse.
Recordo o nenúfar imaginado de quando o li embasbacado.
Nenúfar da lagoa espessa e profunda que atordoa,
Seja gentil com esse lábil esquecido.
E me faça encontrar obsoletos aboios de ventos que me atravessem rio,
Pois que minh’alma outrora sã e caprichosa,
Já não cura ou quebra a dureza dos nós entre os fios...
Deforme de não sorrir por toda ventura,
Desposo a paixão, gládio da loucura. Cuspo ao chão nostálgicas amarguras do fremir eterno...
Minh’alma... Arremedo de coração
Quase morto de descompasso;
Minh’alma... Escrava da canção,
Ensaia o laço da cisão no encalço da ternura.
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