sábado, 4 de julho de 2009

CORPO

Descer até corpo, menos disperso,
Até sentir um cheiro de vento e água em pele,
Serenidade de percorrimento, sincera e suficiente.
Dispor-se à terra e assoalhar os territórios menores,
Afeito mesmo a temores e relicários.

Percorrer vincos de brevidade
E morrer novamente a última morte.
Morrer definitivamente, só mais uma vez...
Onde não haja trégua ou cansaço,
E tudo se deposite sem urgências.

Ser como outros animais, mas não ser eles.
Esse mistério do inumano no humano
Que combús séculos de filosofia.
Foram homenzinhos de corpos frágeis e estômago fraco
Que nos legaram a fragilidade da carne.
Assim rezavam eles: ó Pai, somos temerosos da vida quando nasce,
Temerosos da vida quando se apodrece. Perdoai-nos!

Já então sonhamos: um dia uma presença sonora
Sussurrará mansamente em orelhas encolhidas,
Ordenando a todos que retornem às cavernas e montanhas.
Riscando novamente paredes de flor e carvão,
Tocando tambores alados de pele e madeira,
E se comunicando à maneira da linguagem livre dos pássaros.

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