sábado, 4 de julho de 2009

DESCRIÇÃO ZOMBETEIRA (Diálogos com Fernando Rodrigues, Gregory Bateson e o "Doido" da festa do Dois de Julho)

“Se você emprega DDT para matar INSETOS”
Tente um pouco de GENTE.

Para alguns-de-nós o corpo se quebra
Quando esbarra na toxicologia da honra.
E para alguns apenas,
Entrar nesse teatro de feras
Assemelha-se a contrair uma dívida...
Para todo o sempre...

Haverá também outro alguns-de-nós
Aguardando a submissão progressivamente dócil
Dos corpos selvagens de uns alguns-de-nós
(Uns e outros alguns-de-nós esfregam-se ocasionalmente!)

No que se acusam os olhos caídos até cujos de pedras,
Vive-se num tempo em que é muito perigoso a feiura.
Mas alguns-de-nós acreditam que ela tem cura!

As vezes porém, basta um breve descanso da própria dignidade.
Descanso da morbidez incurável
Inscrita num corpo alquebrado pelo esforço de ser.
(Tudo isso, claro, sempre para alguns-de-nós)

Alguns-e-outros-de-nós, acólitas apoteóticos
Nesse palco de plumas e nebulosas.
E outros-de-nós apenas vergados.
Por entre o raro e o escárnio
Existe uma ponte de vigas espúrias
Que nos sustentam na travessia?
Nesse ato ou efeito de transpor:
tantas vezes nossa face foi duplamente dada e corrompida.

(Alguns-de-nós perderam definitivamente a face)

Muitos-de-nós berravam-se enquanto outros cochichavam
(Só por um pouco de atenção)
Absurdo vaivém, e ainda gritar contra o ranger renitente
Das engrenagens que esfolam.
Absurdo viver, para alguns-de-nós
E ainda ser mais esfolado porque se grita.

Qual ópio nesses casos pareceria apropriado!?
“A embriaguez, o patriotismo, o senso de artista, o cortejo nesse Dois de Julho ...”
Tudo justo, tudo junto... Tudo diz...
Licenciosidades cívicas da nudez grotesca...
Seriam aporias dum protesto?
Modalidades subreptícias de resistências?

Alguns-e-outros dentre alguns-de-nós
Ainda pensam que nossa rua continua aprumada,
Mesmo que uma estranha emoção o desminta.


OBS: (O vídeo que contribuiu para a feitura desse poema encontra-se no YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=6GjQYy1qc7k e é de autoria de Fernando Rodrigues, o cara que teve a sensibilidade de ver o que ali mais se ocultava)

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