segunda-feira, 6 de julho de 2009

O QUE NÃO DARIA

O que eu não daria para ser pequeno como o dia de ontem.
O dia simplesmente depositado de ontem,
Em que me graciava a solidão das árvores,
E ainda não amara um alguém que não me amava,
À maneira dos que habitam a espera das coisas impossíveis.

De repente, meu passado estranhamente tornara-se claro.
As roupas da infância engomavam-se ajustadas ao corpo.
Eram também pequeninas e limpas,
E tinham as cores das estampas saltando em nós
Como luzes de palhaços, sorvetes e pára-quedistas,
Dos meus pijamas de algodão daquele tempo...

Ontem nada era confuso
E a lua não possuía mais mistérios que estar atenta
A nos seguir pela extensão da noite absoluta.
Ah, ontem, aquela vontade em ser,
Hoje, o medo de não ser suficiente.

Todos meus problemas - eu quase sabia - eram pequenos
E cabiam perfeitamente nas arestas do dia.
Coisas que eu pude adiar, me adiam agora...
E as que pude perder, hoje me perdem.
Tempo nosso de cada dia
Nos dai hoje, assim como nós não o fizemos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário