quinta-feira, 2 de julho de 2009

NAVE DAS HORAS


Meu coração se cai vicinal e cheio feito nau que retorna.
Carregada de tapetes, perfumes e coisas exuberantes,
Vem duma terra desconhecida e distante,
Curva de singrados mares e infindados cios.
Vejam essas coisas! Elas atiçam... 

Ah... Imaginação febril dos gânglios e ciosos...

Minhas mãos trago-as suaves,
Para que possam acarinhar toda a gente só.
Minha vaidade deitei ao chão quando, estando comigo,
Decidi guardar segredo sobre coisas que sei,
E perambular sem medo sobre as que não sei.

Oh paixões a luar-vasta, florestas de multidões...
Oh intimidade das coisas distantes
Que observo e dou nome como a uma estrela...
Quantos dias ainda viverei entre os seres!?
Quantos heróis inda terei!?
Talvez de nada valeria saber...
Sofreria!
Mas já não sofro sem o saber?

Quem sabe, eu mesmo não me tenho definido
Corriqueiro, trivial e adoecido?!
Quem sabe quantas vezes
Não fiz da infelicidade motivo para viver,
Receber afetos e fazer poesias?!

Tantas urgências nos perseguem...
Tantos "Eu Tenho de ser e fazer."
Tantos "Ah, se eu soubesse..."
E pequenas discórdias, invejas e explicações.

Mas também tive um amor
E gostaria talvez de estar com ela agora.
E escrever o amor e a doçura,
Ao invés das guerras e convulsões do tempo.

Há séculos temos nos queixado pelo que não somos:
E quanto a mim, detrator do meu mal,
Sou por isso melhor ou pior ao teu olho!?
Merecedor de mais ou menos perdões desse júri!?

Basta-me que denominamos injustos
Os que disseram Sim
Pelo terem o bem que mereciam,
E justos os que disseram Não.

Estranha irmandade e malícia que nutro 
Por tantas ternas sinfonias de gentes,
Que passam por mim feito frases amorosas...
Que recordo e confesso...
Esse mundo, um infinito de infinitos...
Um mover-se eternamente...

3 comentários:

  1. Salve, Moacir! Bela, a tua poesia. Obrigada por compartilhar!

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  2. Olá!

    Parabéns pelos poemas e pela coragem de apresentá-los!

    Esse foi o que eu mais gostei. Continue postando!

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